Fratura do Fêmur em Idosos: a importância da fisioterapia em casa
- Dr Lukas Escobar : Fisioterapeuta Pesquisador em
- Sep 19, 2015
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As fraturas proximais do fêmur em idosos representam um sério problema de saúde publica. O tratamento cirúrgico dessas fraturas servem para reduzir as morbidades, juntamente com a fisioterapia pós-operatória.

Sua incidência mundial deverá aumentar de 1,7 milhões de pessoas em 1990 para cerca de 6,3 milhões em 2050. A mortalidade é estimada em 24% até 12 meses após a fratura de quadril. Além disso, um número significativo desses pacientes não retorna ao estado funcional pré-fratura. Em um ano de pós-operatório, menos de 50% dos sobreviventes podem andar sem ajuda, e apenas 40% podem realizar AVD’s independentes.
Por conta disso, uma revisão sistemática sobre planos de tratamento fisioterapêutico no pós-operatório de fraturas proximais de fêmur em idosos foi realizada. Foram selecionados ensaios clínicos controlados e randomizados, em idosos, dos últimos 10 anos, nos idiomas português e inglês. Foram encontrados 14 artigos na literatura. Nível de Evidência I, Revisão Sistemática de ECRC (Estudos clínicos randomizados e controlados).
Com relação direta ao tratamento em casa os achados foram muito intressantes:
Um trabalho realizado no domicílio do paciente relatou que apenas 3 semanas foram suficientes para os idosos obterem maior confiança, equilíbrio, função física e melhor desempenho nas Atividades de Vida Diária (AVD’s), quando comparados com indivíduos submetidos à fisioterapiaconvencional em uma clínica. O autor justifica este achado,pelo fato de ser incluso na fisioterapia domiciliar treino de atividades do dia a dia do paciente tanto de autocuidado, como de ir a padariaou comprar jornal na banca, por exemplo. (Zidén L. et al; Home rehabilitation after hip fracture. A randomized controlled study on balance confidence, physical function and everydayactivities. Clin Rehabil. 2008;22(12):1019-33.)
Em outro trabalho de fisioterapia domiciliar, o número de quedas reduziu em 36%, isso também deve- se ao aumento da confiança, equilíbrio e funcionalidade. Além disso, a reabilitação domiciliar tem que ser considerada nessa população, visto a dificuldade de acessibilidade, como faltade transporte, incapacidade ou medo de sair de casa. (Bischoff-Ferrari HA. et al; Effect of high-dosage cholecalciferol and extended physiotherapyon complications after hip fracture: a randomized controlled trial. Arch InternMed. 2010;170(9):813-20.)
Outros achados também muito importantes demonstram que a probabilidade de uma nova fratura é de seis a 20 vezes maior que a fratura inicial dentro do primeiro ano de recuperação, porém este risco é relacionado ao membro contra-lateral (lado oposto).
O objetivo da fisioterapia no tratamento pós-operatório de pacientes com fratura em fêmur proximal é aumentar a força muscular, melhorar a segurança e eficiência da deambulação, fornecendo assim, maior independência ao idoso.
Em um estudo, realizado na enfermaria hospitalar, onde os pacientes foram divididos em2 grupos, um para deambulação precoce e outro para deambulação tardia, foram encontradas evidências de que a estabilidade cardiovascular é um dos principais determinantes do sucesso da deambulação precoce após a cirurgia de fratura do quadril, (obviamente o método de fixação também) e essa marcha precoce foi determinante para o aumento da funcionalidade dos sujeitos, quando comparados ao grupo de marcha tardia (Oldmeadow LB, et;al. No rest for the wounded: early ambulation after hip surgery accelerates recovery.ANZ J Surg. 2006;76(7):607-11)
Um dado importante apontado em outro estudo, que também usa o treinamento de força como intervnção, é que em 83% dos participantes, a perna fraturada apresentou-se mais fraca. Esse déficit de força e potência muscular assimétrico pode complicar a transferência de peso durante a fase de apoio da marcha onde apenas uma perna está sustentando o peso corporal, gerando um desequilíbrio, principalmente lateral, onde se é relatado o maior índice de quedas. Há estudos que afirmam que o fortalecimento de músculos abdutores e adutores do quadril aumentam essa estabilidade laterolateral durante caminhadas, influenciando na melhora do equilíbrio dinâmico do paciente. (Portegijs E. et;al Effects of resistance training on lower-extremity impairments in older peoplewith hip fracture. Arch Phys Med Rehabil. 2008;89(9):1667-74.)
Há uma alta taxa de abandono da terapia por parte dos pacientes idosos, isso se deve a intensidade dos exercícios que as vezes se tornam intoleráveis ou desmotivantes; a dificuldade de locomoção, seja esta por fator físico ou cognitivo e outras comorbidades que acabam interferindo na frequência do tratamento. O difícil acompanhamento dos idosos, citados por diversos artigos dificultam as pesquisas nesta área, pois reduz o número da amostra, reduzindo assim a confiabilidade no estudo.
Na literatura não existe um tratamento fisioterapêutico específico e detalhado para pacientes idosos no pós-operatório das fraturas proximais de fêmur. Há uma tendência de que os exercícios de fortalecimento seriam a chave para melhora funcional destes pacientes. As evidências mostram que a fisioterapia tende a acelerar a recuperação do idoso, mas ainda não é garantia do retorno deste ao seu estado funcional pré-fratura.
Fonte:
Carneiro MB, Alves DPL, Mercadante MT. Physical therapy in the post-operativeof proximal femur fracture in elderly. Literature review. Acta Ortop Bras. [online].2013;21(3):175-8.
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